em Ferroviários

O trem passava na porta da minha casa

Meu nome é Maria Ines Teixeira Caselato, nasci em 2 de junho de 1924, aqui em Três Corações. Minha lembrança de infância era a casa da minha avó, na rua 7, era a rua paralela a Igreja Matriz. A ruas eram de terra, não eram calçadas e a cidade era uma cidade pequena, mas arrumadinha, bem apresentada. Eu estudei na Escola Normal Sagrada Família,eu fiz curso normal. Tinha um uniforme, era saia azul marinho e blusa branca, tinha uma gola grande, e na gola, conforme as listras, era o grau da escola.

Meus pais moravam num sítio em Flora, eu estudava aqui e ficava na casa de minha avó. Flora era uma roça, o trem passava na porta da minha casa. Hoje não tem mais trem, mas antigamente tinha, eram três trens para lá, de manhã, durante o dia e a noite. Então tinha condução muito fácil, era na porta mesmo. Eu morava do lado da estação. Neste tempo eu viajava muito, principalmente final de semana, chegava final de semana eu ia pra Flora. Até lá demorava uns 30 e poucos minutos, era pertinho.

Para entrar na rede, eu fiz um concurso. Naquela época fazia o concurso para o escritório da ferrovia, eu fiz o concurso e fui chamada pra trabalhar. Eu era nova, tinha uns 20 anos. Eu trabalhava na rua Cabo Benedito Alves, antes da linha do trem, hoje é uma casa de móveis, era ali. Mas eu comecei mesmo no escritório da oficina, lá tinha um escritório pequeno. Eu era escriturária, fazia redação, balancetes, essas coisas de escritório normal. Depois eu fui transferida para o escritório da terceira divisão, que era um escritório maior.

Tinham muitas mulheres que trabalhavam no escritório. Eram todas concursadas, tinha a Terezinha Ferreira, a Juraci, Maria Helena, estas ainda estão aí, mas tem algumas que já se foram. Maria de Jesus Ribeiro, a Juju. A Zuleica, já morreu, Geralda, já morreu. Oscarlina, tinha a Zilá, eram irmãs. A Clélia, também já morreu, depois foi transferida depois para BH. Tenho muita saudade, a turma do escritório era muito unida, a gente testava sempre junto, era muito bom.

Depois eu casei e fui trabalhar em Varginha, lá tinha um escritório da rede. Eu trabalhei em Varginha uns 9 anos, mas aí foram suprimindo as linhas de Furnas, e acabou a ferrovia pra baixo, por causa de Furnas inundou tudo, então eu voltei pra cá, porque acabou o escritório lá. Eu trabalhei a vida inteira na ferrovia até aposentar.

Tive 5 filhos, sempre foi difícil, a gente trabalhava oito horas e ainda era dona de casa, era complicado, mas deu pra conciliar. Depois que casei ei não quis parar de trabalhar porque eu já tinha 10 anos de casa, aí continuei.

Eu acho um atraso a decadência da ferrovia, era tão útil, tanto para passageiro quando para carga. Eu acho que nos ao invés de progredir, nós regredimos. Minha mensagem é só de saudade, dos tempos que trabalhei, foi muito bom, as amizades que fiz.

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